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Palestrante defende adoção de práticas de bem-estar animal para melhorias na produtividade

Com foco na criação de animais sem estresse, algumas práticas antigas podem ser substituídas e contribuir com a redução da mortalidade e no ganho de peso que, como consequência, aumentam a produtividade da propriedade rural



Assim como todo restante da sociedade, as relações no campo estão em constante mudança e transformação. O que há 10 anos era a única possibilidade, hoje pode ser revisto e adaptado. É o caso das relações entre humanos e animais, seja na lida no campo, seja dentro de um curral ou de um redondel (espaço usado para doma de cavalos). Por isso, o manejo racional e as boas práticas de bem-estar animal foram temas abordados pela ativista e produtora rural Carmen Perez na palestra da última terça-feira (29), na Tecnoshow Comigo.


Para mudar a mentalidade sobre o assunto, o primeiro passo, segundo a palestrante, é acessar os manuais do Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal (Etco). “Nem precisa contratar alguém para começar. Na verdade, a pessoa tem que estar disposta a colocar energia junto com a equipe. Investir na parte humana é fundamental. Não adianta fazer um curral com estrutura cara e não ter pessoas preparadas para trabalhar neste local”, afirmou.


Mas o processo de mudança é longo e exige adaptações pelo caminho. Carmen alertou que de nada serviria um treinamento para a equipe e depois passar um ano sem falar do assunto. E ela tem conhecimento de causa: em 2007, contratou um dos principais especialistas em manejo racional, que treinou a equipe da fazenda. Mas ela contou que nada parecia mudar e, com o passar do tempo, percebeu onde estava o erro. “Tem que ter uma pessoa responsável por gerenciar esses trabalhos. Uma pessoa que seja nomeada, abrace a causa e seja responsável pelo manejo. Uma pessoa que gerencie todas as implementações.”


A palestrante ressaltou que o caminho não é simples, porque envolve práticas tradicionais, muitas vezes passadas de geração em geração, mas que, ao mesmo tempo, não é impossível. Afinal, “toda mudança é um desafio e requer energia.” Essa transformação é importante, inclusive, para a imagem que a sociedade tem do agronegócio brasileiro, conforme explicou. “É ético, melhor para a produção, é melhor para a produtividade. Eu falo isso em números, porque um animal estressado não come, não bebe, sua imunidade cai e a mortalidade aumenta”, alertou.





Neiber Feneloni de Carvalho é produtor rural em Portelândia e participou da palestra de Carmen. Ele afirmou que já conhecia as práticas e que é preciso aperfeiçoar. “Alguma coisa sempre dá para melhorar. É preciso fazer tudo passo a passo, ter mais tranquilidade para lidar com os animais. É muito difícil adaptar os funcionários a isso, mas dá para implementar”, disse.


Quanto à possível resistência dos produtores ou as dificuldades em lidar com a equipe, Carmen é firme e defendeu que as mudanças precisam ser implementadas para que haja melhoria na prática. “É um tema necessário, tanto para dentro da cadeia produtiva, quanto para fora. A gente sempre tem a impressão de que, pelo fato de estarmos dentro da porteira, as leis são nossas. Mas não é bem assim que funciona no mundo em que vivemos.”


Novas práticas

Quando iniciou o trabalho na fazenda da família, Carmen contou que se deparou com uma relação nada saudável, em que havia muita hostilidade entre os animais e os trabalhadores do lugar. Era o momento da desmama e as vacas estavam agressivas, os bezerros assustados e os vaqueiros e peões mal preparados e machucados. Desde então, instalou uma mudança cultural, que tem início já no processo de nascimento.


O estímulo tátil é a prática de colocar o bezerro em contato com as mãos humanas sem estresse e sem força bruta. Durante a palestra, Carmen exibiu um vídeo de um bezerro deitado tranquilamente no chão, sem oferecer resistência, enquanto o vaqueiro o massageava, desde a cabeça, até o dorso e as patas. Contudo, o estímulo tátil também pode ser feito de outras formas, como por exemplo, por meio da escovação. Ela afirmou que na fazenda que gerencia essa prática melhorou a imunidade dos bezerros, devido à eliminação do estresse, e reduziu a mortalidade. Antes, as taxas eram 18% e hoje caíram para 3%.


Outro ponto é a desmama lado a lado, que é uma alternativa às práticas antigas, por se tratar de um momento complicado, afinal, é a quebra do elo entre mãe e filho. Ela explicou que testou três formas, sendo que duas tradicionais machucaram os bichos: a tabuleta (anéis nasais com espetos) e o abrupto, com a separação repentina, no qual as vacas ficam extremamente violentas.


A opção que foi testada por Perez e trouxe menos estresse e danos aos animais e vaqueiros é o desmame lado a lado. Pela prática, os bezerros devem ser gradualmente separados das mães por uma cerca de qualidade, com cinco ou seis arames, sendo um deles de choque. De ambos os lados da cerca é preciso ter sombra e água fresca.


A marca de fogo também foi abolida da propriedade de Carmen. “Nada disso de dizer que o bicho tem o couro grosso e não vai sofrer. Hoje, temos inúmeras alternativas que são bem menos agressivas”, pontuou. As opções adotadas por ela foram três, aplicadas juntas: tatuagem, botom eletrônico e brincos.



Doma racional também é afago

Assim como na criação de gado, a doma de cavalos também tem passado por transformações, com a prática da doma racional. E o princípio é muito parecido com o manejo racional: a criação de uma relação de confiança com os bichos. “Na ação-reação ele vai te dando sinais de que ele está tentando entrar em acordo com você e dessa forma você alivia a tensão, dá carinho, deixa ele descansar”, explicou o médico veterinário e domador Leonardo Feitosa, também palestrante da Tecnoshow Comigo.


Quem participou do curso de básico de rédea, realizado nesta terça-feira, pode ver de perto essa relação. Montado no cavalo, enquanto demonstrava os comandos, era perceptível quando o animal estava dando o recado ao domador e oferecia resistência. Instantaneamente, Leonardo já cessava a ação e, muitas vezes, respondia com um afago no pescoço do cavalo.


 

Sobre a Tecnoshow Comigo

Com a proposta de auxiliar o produtor rural, a COMIGO iniciou, em 2002, o trabalho de geração e difusão de tecnologias agropecuárias, em Rio Verde, numa área que hoje ultrapassa 170 hectares (área total do CTC). Neste local, a cooperativa promove experiências tecnológicas o ano todo, em parceria com diversas instituições de pesquisa, de ensino e outras empresas, e realiza a Tecnoshow. A diversidade é uma marca registrada do evento. São máquinas e equipamentos agropecuários, plots agrícolas, animais das mais variadas espécies, palestras técnicas e econômicas, ações socioambientais e dinâmicas de pecuária, entre outros produtos e serviços. Trata-se de uma extensa vitrine de tecnologias para o homem do campo, seja pequeno, médio ou grande produtor.


FICHA TÉCNICA

TECNOSHOW COMIGO 2023 – 20 anos

Data: 27 a 31 de março de 2023 (segunda a sexta-feira)

Local: Centro Tecnológico COMIGO (CTC) - Rio Verde – GO (Rodovia GO 174 S/N área rural de Rio Verde)

Horário: 8 às 18 horas

Entrada gratuita

Site: www.tecnoshowcomigo.com.br

Instagram: @tecnoshowcomigo

Twitter: @tecnoshowcomigo


INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA

Assessoria de Comunicação da COMIGO

Weuller Freitas – (64) 3611-1522 / 99627-9897

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Ana Manuela Arantes – (62) 98142-6323 – anamanuela@voltzcomunicacao.com.br

Fernando Dantas – (62) 99227-2631 – fernando@voltzcomunicacao.com.br

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